Recebe o que é teu. Toma para ti. Seja a resiliência, o aprendizado, a quietude. Ainda que fugaz, ser ou deixar grandes lições. Um silêncio que diz. Uma fresta que se abre e por onde escapa a luz. Se fosse de outra forma? Não seria. . Encontrar uma razão, um sentido, um porquê. Ora, estamos todos nessa busca. A vida e a repetição insana dos dias e noites, dias e noites. Sonhar, crescer, formar, evoluir. Seja lá o que for. Estar nesse mundo, aqui e agora, vivendo essa fenda no tempo. Uma fenda sobre a qual só havíamos ouvido falar. Ser parte do que nunca mais será o mesmo. Destruir certezas, nos abrirmos para o insondável, investigar a nossa escuridão humana, duvidar do poder e da autossuficiência. Entender, afinal, que não estamos nem sequer somos sós. . Aceitar é respirar, é permitir, é pertencer. É saber que dentro de cada universo particular há uma integridade a resistir. A luz do Sol, seu calor, a nutrir em nós a energia co-criadora de um sistema que nos (re) orienta. . Fazermos do nosso interior a partícula essencial que brilha e inspira. A pupila da Monalisa – berço de seu soslaio. O dedo de Deus – absoluto gesto. O ser e o não ser – a quem se importar. A cinza e a chama – natureza variada. O rubor e a volúpia – casas do desejo. A flor e a delicadeza – o antifrágil. A força e a maré – sal a salivar. A música e o chiado – notas do teu silêncio. O perdão e o alívio – a crença no divino. O vírus e a vacina – simbiose dor e amor. A contaminação e a cura – eu, você, nós e tudo. #cronicadodia #palavras #quarentenapoetica
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