Filha única com quatro irmãos, venho de uma família de certa, podemos dizer, vanguarda. O que hoje é tão banal, os meus, os seus e os nossos, era algo que eu tinha sempre que explicar. O meu pai, o pai dela, a nossa mãe, a mãe deles.
Tenho uma criança artista que mora dentro de mim e que passou muitos anos escondida. Agora ela sai pra brincar e me faz encontrar a escritora que eu também sempre fui, mas que a jornalista que me tornei quase me fez abandonar.
Acredito que juntas somos inteiras, que nos completamos no coletivo e que é nas relações, e não somente nas teses, que crescemos e aprendemos. A educação é uma paixão e o caminho de toda a cura. Por isso, me mantenho aprendiz e não gosto de ideias limitantes.
Faço mil coisas ao mesmo tempo e tenho interesses diversos, sou inquieta, mas gosto de profundidade e segurança. Talvez se eu fosse mergulhadora, precisaria de novos mares de tempos em tempos.
Duas crianças me escolheram para trazê-las ao mundo e essa experiência me atravessou como nenhuma até então. Eu me transformei tanto, mas tanto, que quase me perdi de mim - ou senti assim. Mas foram justamente essas relações profundas (olha só o meu mar) que me desafiaram à reconexão, ao reconhecimento da minha essência, ao reencontro com a Dani de 7 anos que gostava de cantar, dançar e ouvir histórias.
Tudo o que eu faço hoje tem a ver com isso. Entre escritora, mediadora de grupos de mulheres e leitura, mentora e podcaster, me sinto uma contadora de histórias a assoprar brasas. Não me canso de aprender a ouvir, porque para contar histórias e incandescer corações a gente precisa mesmo é descobrir as escutadeiras que somos.
O que o silêncio interior conta de ti?