Lá se vão 40 anos daquele 18 de maio de 1981. Dia de Sol em Touro. Dia em que eu, solitariamente, nasci. Deixei o lugar estreito, porém conhecido e embalado pelo coração e pelo calor da minha mãe, para respirar por mim mesma. Num ato de coragem ou instinto, não sei.
Acho que essas coisas se misturam mesmo e esse caminho sem saída parece uma ação condicionada. Aprendi, no entanto, que a direção ao menos era de escolha. Descobri também que não é preciso deixar o peito se estropiar na impossibilidade de seguir para ser capaz de mudar de rumo.
Pulei num vale encantado, como quem “cai pra cima”. Subi no colo do afeto e venho aqui te contar que sou mulher, filha, mãe e criadora. Sou também assopradora de brasas e te convido a saber melhor de ti, desvendar tuas incertezas e mergulhar no invisível. Na atmosfera infinita da criatividade, que é potência e pulsão de vida, te chamo pra dançar e ser sua própria coreografia.
Venho carregando meu candeeiro e sei que a gente é capaz de encontrar e acender a própria fogueira! Que a gente é fogo, pavio e oxigênio. Que a gente ilumina e é iluminada, e que é pela criação e pela arte que nos salvamos do vácuo de só existir.