Nesta quarentena, sinto muita falta do SOL. Em todas as ocasiões em que me pego sonhando com uma vida (melhor), pós-Covid 19 (é o que me mantém de pé), faz SOL. De modo geral, tem também cheiro de mar, uma conversinha de fundo, um livro do Rubem Braga, a risada das crianças. Ah! Tem mate gelado. Ok. É Rio de Janeiro e tem aquela vista do Corcovado, que faz a alma cantar. Hoje teve SOL na varanda, a cachorra cochilou comigo, me recarreguei. O cheiro foi de café, o som de fundo era aquele ruído contínuo do centro de São Paulo. Não tinha Tom Jobim no subtexto. Impossível não pensar, com aflição, sobre privilégios. Sobre sentir falta de praia, mas não sentir fome nem frio nem dor. Não é sentimento de culpa, é consciência da culpa. Não tem a ver com vergonha, é indignação. Diante de tanta falta, sobra guerra de egos e exploração da nossa miséria. Tanto temos a combater. O medo é denominador comum — quem não sente? —, mas não o enfrentamos com as mesmas armas. Seremos capazes de sair desse hiato com o coração SOLidário e não somente SOLitário? #cronicadodia #diariodaquarentena #aartesalva
26 de abril de 2020